Larissa S.

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  • Representatividade
Larissa S.
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Meu nome é Larissa, sou lésbica e moro em uma região periférica de São Paulo, o Grajaú. Atuante na plataforma Meninas no Poder, da Plan International Brasil, e também em coletivos sociais, almejo me tornar cientista política e atualmente faço curso de Orientação Comunitária. Em 2017, representei as meninas brasileiras no High Level Political Forum em Nova York, para levar as pautas de meninas como eu a serem discutidas por lideranças do mundo inteiro para colaborar com mudanças não apenas para nós, meninas, mas para todas as pessoas.

Venho de uma família pobre e, infelizmente, essa é a realidade de tantos outros jovens brasileiros.

A pobreza tem vários impactos negativos na vida de uma criança ou adolescente como eu. Falta de saneamento básico, desnutrição, que influencia na dificuldade de aprendizado,  moradias impróprias, isso quando há moradia…

Faço parte do projeto Meninas no Poder, da Plan International Brasil.
Conheço meninas que não podem frequentar as oficinas regularmente, porque em alguns dias não têm nem o dinheiro da passagem de ônibus.

Mas, para mim, uma das consequências mais revoltantes da pobreza é a violência.

Entre 1980 e 2013, a taxa de mortes por homicídio no meu país cresceu mais de 372%. As taxas de suicídio e acidentes, diminuíram com o tempo. Só o número de homicídios aumentou.

Quem são essas pessoas que estão morrendo?

A faixa etária de 16 e 17 anos, teve o maior crescimento no número de mortes.

Em 23 anos, o número de homicídios entre esses adolescentes cresceu 496%.

O nível educacional das vitimas de homicídio é muito baixo.
82% dessas pessoas frequentou a escola por no máximo 7 anos, quando o tempo mínimo recomendado é de 13 anos de estudo.

Esses números chocantes mostram que a miséria, falta de acesso à educação de qualidade e exclusão social, são alguns dos fatores que impulsionam a violência e que adolescentes são as maiores vitimas.

Por que chamo essas pessoas de vítimas? Porque as políticas públicas não são eficientes a ponto de alcançar esses jovens mais vulneráveis. Ao invés de zelados, são culpabilizados e exterminados pelo poder público.

Alguém aqui sabe o que é auto de resistência? É quando a polícia justifica o assassinato de alguém como legítima defesa, ou seja, quando o suspeito reagiu e a polícia teve que atirar. Convido cada um de vocês a pesquisar sobre o assunto. Assim verão quantos jovens que não reagiram à uma abordagem policial são assassinados, quantos desses processos têm sido arquivados e encobertos pelo poder público.

Na pesquisa U-Report Brasil, feita com mais de 700 jovens, o segundo objetivo mais votado por eles é o ODS 16, que tem como meta a Paz, Justiça e Instituições Fortes. Isso diz muito sobre o que queremos.

Um cálculo feito pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento, dá um panorama do impacto financeiro do crime no Brasil. Segundo essa estimativa, o crime rouba cerca de 10% do PIB nacional, o que dá mais de 100 Bilhões de reais por ano.

O que é mais eficaz? Prevenir ou remediar?

São 100 bilhões gastos com prejuízos materiais, tratamentos médicos, indenizações, horas de trabalho perdidas.

Por que não investir em pesquisas?
Por que não investir em prevenção?
Por que não investir em serviços públicos amigáveis à juventude?

A juventude pobre brasileira não se sente protegida, ela está amedrontada.

Eu represento essa juventude aqui, agora e posso dizer que nós não queremos mais temer!

 

* Discurso para minha primeira fala no High Level Political Forum, evento da ONU para acompanhar o compromisso dos países com a Agenda 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

29/08/2017

A desigualdade e seus impactos

Por Larissa S.
Venho de uma família pobre e, infelizmente, essa é a realidade de tantos outros jovens brasileiros. A pobreza tem vários […]